Era uma vez um menino numa manjedoura. Seu nascimento fora
anunciado por anjos e, segundo conta a história, ele seria o filho de Deus.
Reis viram uma estrela no oriente, uma estrela com brilho
sem par, que os guiou até o local do nascimento. Os presentes que deram à
criança foram: ouro, incenso e mirra.
Fim.
Esta é a história a que resumem o Natal de Jesus* nestes
dias. Um menino numa manjedoura eternamente menino, sendo adorado por três reis
magos, e mais alguns compadecidos por tão humilde nascimento em um singelo e sujo
estábulo. Pobre menino...
Mas o menino cresceu. E fez proezas como nenhum outro fez. Revolucionou
a história. Dividiu-a em duas partes. Trouxe a mensagem de paz que gera guerra.
Abordou todo tipo de pecado. Confrontou jovens, adultos e velhos. Questionou valores,
costumes e tradições. Revirou a igreja em sua hipocrisia e religiosidade. Curou
enfermos. Fez milagres. Perdoou pecados. Atraiu discípulos. Arrastou multidões.
E morreu numa cruz. Povo frustrado diante de uma esperança morta. Morreu aquele
que os livraria de um poder tirano e insano. Pequeno grande homem esmagado pela
impiedade humana.
E é Natal! O porquê de tudo isso muitos desconhecem ou
fingir desconhecer. Para que Ele veio? Para que o filho de um Deus deixou seu
lugar de glória para habitar entre nós, meros, infiéis, mentirosos, falsos e
egoístas mortais? Por que deixar um exemplo tão raro na História?
O que ninguém conta (daqueles que fingem não saber de nada)
é a motivação por traz da morte de cruz. O filho veio resgatar o que se havia
perdido: a minha vida e a sua, a comunhão dos homens com o Pai. Veio assumir
nossa culpa e morrer por nós. Tomando sobre si todos os nossos pecados (ou
erros, seja lá como deseja chamar), permite-nos entrar na presença do Santo sem
sermos fulminados pela sua justiça. Ele veio nos religar ao Pai. E não ficou
morto na cruz. Ressuscitou. Mas essa é uma outra história, que só não vira da
carochinha porque dá feriado.
Houve um menino numa manjedoura. Seu nascimento fora
anunciado por anjos e Ele era o filho de Deus. De sabedoria notável, já na
adolescência discutia a Palavra com os doutores do templo. Aclamado como o
Messias esperado, foi entregue à morte por seu próprio povo, que não entendeu Sua
missão: estabelecer um novo tempo, implantar um novo Reino, dar ao mundo uma
esperança.
O menino da manjedoura cresceu. Morreu e ressuscitou. Assentado
no lugar que lhe é de direito, ao lado de Deus Pai, aguarda o precioso momento
de nos encontrar, aqueles que são seus, aqueles que o receberam, aqueles que entenderam
e aceitaram o sacrifício em seu lugar. E é Natal.
Simone Costa
* Natal de
Jesus para aqueles que ainda associam a festa ao nascimento de Cristo.
Permitida a reprodução desde que citada autoria e fonte.