sábado, 2 de janeiro de 2021

2021

Vejo este ano: 2021. Há alguns anos nem parava para pensar nele. Era algo tão distante.

Lembro-me que, com 15 anos, minha preocupação social (e a de todos) era o "bug do milênio": no ano 2000, um caos tecnológico traria o caos ao mundo. Não só o ano 2000 chegou, como não houve "bug" algum, e nenhum grande problema tecnólogo foi detectado.
Hoje já se passaram 20 anos (20 anos!!!), e estamos aqui, no meio de uma pandemia. Nossas expectativas, baseadas nos avanços tecnológicos, na vitória sobre o bug (e sobre o calendário maia), não nos permitiu imaginar escravos da tecnologia e aprisionados por um vírus. No início, a solidariedade prevalecia: momentos mundiais de orações, aplausos e canções nas janelas, palavras de ânimo e de esperança. Agora, afloram casos de agressões, violência, intolerância e ódio. Consequências psicológicas do isolamento, reflexo de um governo ou resultado da exposição diária de nós mesmos frente aos espelhos? Querendo ou não, gostando ou não, passamos muito mais tempo com aqueles a quem amamos (ou deveríamos amar, ou supúnhamos que amávamos) e tivemos tempo suficiente para enxergar neles o melhor ou o pior de nós mesmos: quem somos e o que temos, no mais profundo de nossas almas. Enquanto uns descobriram que não eram tão bons quanto pensavam, outros perceberam justamente o contrário, e outros, ainda, por não terem tido grandes problemas, criaram para si uma imagem de "semideuses", desprezando os que "tropeçaram, se abateram ou mesmo caíram. E...
"Assim caminha a sociedade". Segue se arrastando. Para onde eu não sei. Tenho as minhas suspeitas, mas elas não são das melhores...
Muitas vezes, parece que a incerteza é a única certeza que restou ao mundo.