domingo, 24 de junho de 2012

A Parábola do Semeador


A “Parábola do Semeador” nos apresenta alguns tipos de pessoas/cristãos:

"O semeador saiu a semear. Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho, e as aves vieram e a comeram. Parte dela caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; e logo brotou, porque a terra não era profunda. Mas quando saiu o sol, as plantas se queimaram e secaram, porque não tinham raiz. Outra parte caiu entre espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas. Outra ainda caiu em boa terra, deu boa colheita, a cem, sessenta e trinta por um. Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!" Mateus 13:3-9

Na própria explicação da parábola, Jesus afirma que o solo é o nosso coração (v. 19), ou seja, a Palavra de Deus pode ser recebida com o coração em diferentes maneiras/situações/estados.

A primeira semente é a que “cai à beira do caminho”, aquela que simboliza a palavra não compreendida:

Ouvindo alguém a palavra do reino, e não a entendendo, vem o maligno, e arrebata o que foi semeado no seu coração; este é o que foi semeado ao pé do caminho. Mateus 13:19

Que entendimento é esse? Como assim: “não entendendo a palavra do reino”?

Esse “não entender” é explicado nos versículos de 11 a 12:

Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado; porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado.Mateus 13:11-12

A palavra que cai à beira do caminho é a palavra revelada (que alguns chamam de “rhema”), aquela acompanhada da revelação do Espírito Santo. O pleno entendimento da visão de Reino, nosso chamado, nossa posição em Cristo, nossa autoridade nesta terra, o poder que temos nEle. Esta é a única semente que o diabo rapidamente vem comer. Por quê? Porque ele sabe do potencial do cristão que tem esse entendimento, essa revelação, esse discernimento. Contudo, se toda semente é lançada para dar frutos, porque essa é deixada “à beira do caminho”?

Lucas, ao contar-nos essa parábola, escreve:

Um semeador saiu a semear a sua semente e, quando semeava, caiu alguma junto do caminho, e foi pisada, e as aves do céu a comeram. Lc 3:5

Todos temos recebido a Palavra de Deus. E todos temos lançado a Palavra (ora ensinando, ora evangelizando, ora ministrando...). Somos, ao mesmo tempo, semeadores e solo. Muitas vezes, desprezamos a semente que temos recebido:

Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, E fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos, E ouçam com os ouvidos, E compreendam com o coração, E se convertam, E eu os cure. Mateus 13:15

Às vezes, não gostamos do que ouvimos (uma exortação, talvez) e, por isso, recebemos a palavra “de mau grado”, fechando nossos ouvidos e consequentemente nossos corações para que ela cresça e dê frutos.
Na Linguagem Contemporânea, esse trecho foi escrito da seguinte maneira:

“Esse povo é cabeça-dura! Eles tapam os ouvidos com os dedos para não ter de escutar. Eles fecham os olhos para não serem obrigados a ver, e, assim, evitam ficar comigo face a face e me deixar curá-los.”

Reflexão: A semente que cai à beira do caminho (e que é pisada) é aquela desprezada por quem está cuidando da terra. Como temos recebido as sementes que temos ouvido? Temos dado valor à Palavra de Deus? Temos aceitado as palavras proféticas? As palavras dos profetas? Temos nos permitido ficar face a face com Ele? Queremos ficar face a face com Ele? Reconhecemos que temos problemas? Queremos ser curados? Queremos escutá-lO?

Quanto mais nos permitimos esse “face a face” com Ele, maior entendimento temos dEle, da visão e “mistérios” do Reino, maior revelação Ele nos dá. Da mesma forma, quanto menos nos permitirmos ficar face a face com Ele, sendo confrontados e moldados por Sua Palavra, tendo-a como espelho, menos entendimento, revelação e discernimento teremos:

Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado; porque àquele que tem [o entendimento dos mistérios do Reino], se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. Mateus 13:11-12

Nosso coração torna-se endurecido e deixamos de dar frutos.


A segunda maneira como a palavra pode ser recebida está no v. 5:

E outra parte caiu em terreno pedregoso, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda; mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz. Mateus 13:5-6

A semente não resistiu não porque havia pedras, mas porque havia falta de terra. Esse é o crente sem vida com Deus, sem conhecimento da Palavra, sem base, sem fundamentos. É da terra que a raiz absorve toda a água e os nutrientes necessários para a planta.  Quando as pedras “dominam” o terreno, não é possível um andar seguro, confiante. Assim, esse é o cristão que vive uma vida de insegurança e tropeços, que vive pecando. O cristão que, sem tempo com a Palavra e de intimidade com Deus, não tem sua fé avivada, não tem em que apoiar sua fé, não tem o que pode trazer à memória para dar-lhe esperança. Não tem de onde tirar “água e nutrientes” para viver. Falta-lhe experiências com Deus, experiências que o permitam reconhecer e ver o agir e o poder do Pai em sua vida, viver como filho de Deus. Falta-lhe a comunhão com o Espírito Santo, aquele que consola, que ensina todas as coisas, que nos traz à memória tudo o que vimos e ouvimos dEle: Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” João 14:26

A semente logo nasce, mas seca-se, ou seja, esse tipo de pessoa tem uma alegria momentânea, passageira, rápida. Logo após o entusiasmo (geralmente motivado pela pregação fervorosa de alguém), torna-se desanimado, desmotivado e frustrado. Tem várias ideias, projetos e sonhos. Quando os começa, não os termina. Tem uma vida rasa com Deus, não sabe defender sua fé, não tem em que apoiá-la. E, por isso, é muito suscetível a sentimentos de dúvidas, a ter uma fé seguida do “será?”. Ou seja, não tem uma fé genuína.

(...) aquele que duvida é semelhante à onda do mar, que é sublevada e agitada pelo vento. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa, homem vacilante que é, e inconstante em todos os seus caminhos.” Tg 1:6-8

Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? Lucas 18:8

É preciso gastar tempo com a Palavra de Deus, meditar nela, estudá-la, lê-la por completo, expor-se a ela. Deixar Deus operar em nosso coração e caráter, ter tempo de comunhão com Ele, buscá-lO, ouvi-lO. Precisamos nascer de novo:

Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre. 1 Pedro 1:23

Jesus deixou-nos uma promessa tremenda:

Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai. João 14:12

Reflexão: Quanta “terra” há em nossos corações? Nossa fé tem fundamento ou somos bastante suscetíveis a dúvidas? Será que há alguma relação entre isso e a atual falta do “fazer as obras que Ele fez”?

A terceira forma de receber a palavra está nos versículos 7 e 22:

“Outra parte caiu entre espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas. (...) E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.”

Sem estar em lugar adequado, não há como uma semente florescer. Se não há espaço (tempo, estudo, meditação etc.) para a Palavra, como ela produzirá frutos?

Há espinhos e há plantas, ou seja, reino dividido. Este é o cristão que está dividido, sobre o muro. Tem as coisas desta terra tão arraigadas em seu coração, está tão envolvido com elas, que não dá espaço para a Palavra de Deus crescer e frutificar. É o cristão que ainda precisa decidir a quem quer servir, que ainda não se posicionou como verdadeiro seguidor de Cristo. Ele precisa tirar do coração tudo aquilo que fere/ atrapalha seu relacionamento com Deus.

Os espinhos também simbolizam coisas que causam tormento e dor:

No caminho do perverso há espinhos e armadilhas; quem quer proteger a própria vida mantém-se longe dele. Provérbios 22:5

E você, filho do homem, não tenha medo dessa gente nem das suas palavras. Não tenha medo, ainda que o cerquem espinheiros, e você viva entre escorpiões. Não tenha medo do que disserem, nem fique apavorado ao vê-los, embora sejam uma nação rebelde. Ez 2:6

Logo, o terreno cheio de espinhos também simboliza a pessoa com o coração doente, machucado, ferido, atormentado, que necessita urgentemente de limpeza, tratamento, cura, perdão e restauração.
Em ambos os casos, se não houver um posicionamento e real conversão, não veremos frutos:

Pois a terra que absorve a chuva, que cai freqüentemente e dá colheita proveitosa àqueles que a cultivam, recebe a bênção de Deus. Mas a terra que produz espinhos e ervas daninhas, é inútil e logo será amaldiçoada. Seu fim é ser queimada. Hebreus 6:7-8

É preciso “lavrar” a terra:

Assim diz o Senhor ao povo de Judá e de Jerusalém: "Lavrem seus campos não arados e não semeiem entre espinhos.” Jeremias 4:3

Reflexão: A quem realmente temos servido: a Deus ou ao diabo? A quem realmente temos dado ouvidos: à voz de Deus ou à do mundo? Temos buscamos mais a quem? Realmente queremos seguir a Cristo?
  
Por fim, temos a semente que “caiu em boa terra, e dava fruto, um a cem, outro a sessenta e outro a trinta por um”, representando aqueles que “ouvindo a palavra, a conservam num coração reto e bom, e dão fruto com perseverança” (Lc 8:15). Para sermos essa terra, precisamos:

·   1. Antes de tudo, ter terra suficiente, ou seja, desejar nascer de novo, ser uma nova criatura, e pagar o preço por isso, dedicando tempo em conhecer ao Senhor: “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. (II Co 5:17)” e Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra” (Oséias 6:3).

§  2. Lavrá-la, a fim de tirar os espinhos, pecados e tudo aquilo que possa atrapalhar o desenvolvimento e a frutificação da semente em nós (Os 6:3) e suprindo toda sua necessidade de água e os nutrientes necessários, a fim de que cresça forte e saudável. Ou seja, investir tempo no relacionamento com Deus, no conhecimento de Cristo (a Palavra), na comunhão com o Espírito Santo.

§ 3. Receber a Palavra de bom grado, permitindo-se enxergar nela, ser confrontado e moldado por ela. Deixando-a trabalhar em nosso coração, caráter e personalidade: Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Hebreus 4:12

§  4. Conservá-la em um coração reto e bom, desejoso de observar e cumprir a Palavra, voltado às coisas do Senhor: Pelo que, despojando-vos de toda sorte de imundícia e de todo vestígio do mal, recebei com mansidão a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar as vossas almas. E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.  Tiago 1:21-22

§  5. Sendo perseverantes, devido a nossas experiências com Ele, a uma vida com Cristo: Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, E a paciência a experiência, e a experiência a esperança [perseverança]. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Romanos 5:1-5

Reflexão: Como está o nosso coração? Preparado para receber a “boa semente” ou precisando de reparos? Jesus termina a parábola dizendo: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça (Mateus 13:9).

Semeai para vós em justiça, colhei segundo a misericórdia; lavrai o campo alqueivado; porque é tempo de buscar ao Senhor, até que venha e chova a justiça sobre vós. Oséias 10:12

(Palavra ministrada na Y! Leadership Conference, 23/06/2012)

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